Condomínios inteligentes: Tecnologia e retrofit ao alcance de todos
Mais do que um cenário futurista, o conceito de prédios inteligentes envolve um melhor aproveitamento dos recursos naturais, economia, maior desempenho e conforto. É possível introduzir inovações nos edifícios já consolidados, mesmo que eles não incorporem a ideia de um retrofit total.
Pesquisa divulgada recentemente pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) indica que os brasileiros priorizam quatro inovações tecnológicas na hora de adquirir um imóvel: em primeiro lugar, aquelas que proporcionam economia; depois, segurança, seguida de conforto e soluções ecológicas. O levantamento foi feito em 23 Estados e no Distrito Federal, e apresentado durante a Feira da Construção em São Paulo, em março passado.
Na parte da economia, o engenheiro civil Rodrigo Vieira lembra que o sistema de alvenaria estrutural representa uma tecnologia inovadora para edifícios com apartamentos menores ou pequenas obras, como guaritas, trazendo vantagens de custo, prazo e qualidade em relação ao padrão tradicional de vigas e pilares. Já componentes mais modernos, como iluminação em LED, geram maior eficiência energética e diminuem o gasto financeiro. Algumas dessas intervenções estão sendo promovidas no Edifício Juruá, condomínio de quase 19 anos localizado na Vila Progrédio, perto do Estádio do Morumbi, zona Sul de São Paulo. A ideia é introduzir, paulatinamente, recursos “inteligentes”, ou seja, soluções e materiais que melhorem a vida no prédio.
“Queremos trazê-lo para a modernidade. A posição anterior da guarita, recuada e no nível da rua, não dava visibilidade ao porteiro”, observa a síndica Maria Isabel Sarno de Oliveira, ao falar das obras da nova portaria, que ganhará banheiro, ar condicionado e clausura. Nos últimos quatro anos, Maria Isabel tem investido em melhorias substanciais no edifício. Entre elas, implantou guarda-corpo; barrilete; sensores de presença; iluminação de emergência; corrimãos contínuos nas escadas; automação dos portões; e sala própria para armazenar as imagens do sistema de segurança – itens não entregues pela construtora. Em termos de modernização dos equipamentos, houve troca do quadro elétrico; dos interfones, agora digitais; iluminação das áreas comuns e garagem (para LED); e de alguns componentes dos elevadores. No tocante à parte estrutural, foi realizada impermeabilização da cobertura e das lajes do subsolo, entre outros.
Faltou modernizar integralmente os elevadores, em função do custo, mesmo assim, todos os pavimentos ganharam identificação do deslocamento dos veículos, permitindo aos condôminos chamarem apenas aquele que estiver mais próximo. Outras obras tiveram que ficar para trás por limitações técnicas e “custo inviável”, como a individualização e o reuso da água da chuva, lamenta a síndica. Mas os projetos não param e, em breve, chegarão à revitalização da fachada. “Condomínio inteligente é aquele que busca soluções que facilitam, preservam, modernizam e racionalizam”, define o engenheiro Rodrigo Vieira.
PAISAGEM EM TRANSIÇÃO
O bairro da Vila Olímpia, na zona Sul da Capital, exibe profunda transformação em relação ao que era há 20 anos. A abertura de novas avenidas e a construção de edifícios sofisticados substituiu casas e mudou o comércio e os serviços. O novo ambiente valorizou os imóveis mais antigos, mas os obrigou a correr atrás da renovação. “Comecei a reforma e modernização do prédio há 15 anos porque ele tinha vários problemas, e quando veio o novo perfil de ocupação, já estávamos atualizados”, afirma a síndica Rosângela Rodrigues da Costa, do Condomínio Elisabetta Capelano, um residencial com 40 unidades de 80 m2.
Nesses 15 anos como síndica, Rosângela promoveu mudanças radicais no condomínio, começando pela sua recuperação financeira, passando pelas reformas estruturais e, depois, reconfiguração das áreas comuns. A lista inclui: troca dos pisos (internos, externos, garagem, rampas e calçada da rua); do sistema de iluminação; reforma elétrica e hidráulica, da guarita, dos elevadores, do salão de festas e do de jogos; instalação de sensores de luz na garagem; e implantação de dez reservatórios em concreto no subsolo para captar água da chuva e evitar inundação.
Mas o que chama atenção é a grande repaginação física dos halls do térreo, das áreas externas e da antiga casa do zelador. O espaço de circulação foi completamente modificado e ganhou novos revestimentos no piso, teto e paredes. Nos acessos aos halls (social e de serviços), foi implantado um sistema de senha para a abertura das portas de vidro. O apartamento do zelador, cargo extinto, deu lugar a uma academia de ginástica, a banheiros, duas saunas (seca e úmida), além de vestiários e cozinhas que agora serão utilizados pelos funcionários da empresa de terceirização. A área externa da frente foi ampliada através da cobertura parcial de um vão, e integrada a uma das laterais do prédio e aos fundos, formando um ambiente todo ajardinado.
“Somente não conseguimos aproveitar a cobertura do edifício para uma nova área de lazer porque teríamos que fazer um reforço estrutural de coluna e uma segunda laje”, explica a síndica. De qualquer forma, apenas com as obras na parte elétrica e de iluminação, o condomínio reduziu em quase 50% o consumo de energia. E nas readequações dos espaços comuns, agregou serviços e conceitos que não existiam há 30 anos, valorizando os imóveis. Para o administrador Marcelo Mahtuk, obras de revitalização trazem não apenas ganhos patrimoniais aos condôminos, quanto “sensação de bem-estar com o prédio novo, o que representa o seu maior valor”.
Fonte: Revista Direcional Condomínios