Portarias inteligentes reduzem gastos com segurança em até 70%
Procura por serviço aumentou desde o começo da crise, em 2015.
Equipes monitoram locais remotamente e prestam assistência 24h.
Economizar em todos os setores possíveis. É assim que milhares de brasileiros têm agido desde que a crise econômica tomou conta do país e nos condomínios residenciais não é diferente. Por conta da inadimplência dos moradores, que segundo um levantamento do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) aumentou 21,5% entre 2014 e 2015, síndicos e administradores trabalham para cortar gastos supérfluos, inclusive serviços de segurança.
As equipes fixas que dão plantão 24h estão sendo substituídas por portarias inteligentes. Os equipamentos, que são monitorados a distância, proporcionam economia de 70% e, em alguns casos, permitem o aumento da cobertura de câmeras com o mesmo valor de investimento já previsto nos residenciais.
De acordo com o empresário Otávio Vaccari, que há três anos abriu uma empresa de portaria virtual em Sorocaba (SP), a procura pelo serviço aumentou 1.000% em 2015. Ele acredita que a queda na arrecadação tenha impulsionado os contratos, que antes esbarravam na sensação de insegurança dos moradores pela falta de funcionários no local.
“O pessoal gostava, fazia orçamentos e faltava aquela sensação de segurança. Mas começaram a perceber que o trabalho oferecido acaba fazendo até com que erros acabem, eles comparam com a portaria convencional e veem a diferença.”
Para o responsável técnico de outra empresa do ramo, Cleyton de Souza Sá, a questão financeira também alavancou a procura pelo monitoramento, mas ele afirma que ainda é difícil mudar o conceito em alguns condomínios . “As pessoas estão acostumadas com um tipo de serviço e existe uma desconfiança. Mudar é difícil, mas depois eles acabando percebendo que o nosso trabalho acaba, por exemplo, com a facilidade de acesso aos locais.”
Como funciona
A portaria virtual, inteligente ou remota nada mais é do que um serviço de monitoramento a distância por meio de câmeras e microfones que gravam todas as movimentações nos condomínios e empresas, além de controlar o acesso de visitantes e prestadores de serviço mediante contato com o morador. A estratégia elimina a necessidade de se ter uma equipe presente no local que, se contratada pelo próprio residencial, exige pagamento de encargos trabalhistas como FGTS, INSS e férias.
Ambas as empresas ouvidas pelo G1 informaram que o serviço de portaria convencional custa, em média, R$ 16 mil por mês, valor que cai para cerca de R$ 6 mil com o serviço a distância. Considerando uma única torre residencial com 28 apartamentos, a taxa condominial que antes era de R$ 571 apenas com a portaria, cai para R$ 214, sem contar gastos com iluminação, água e manutenção.
A implantação de todos os equipamentos pode levar até um mês, explica Cleyton Sá. “Isso porque depois da instalação temos um período de teste. Um funcionário fica no local por cerca de 15 dias para orientar e dar suporte até que os moradores se acostumem. Ele também faz o cadastro de todos em um banco digital, abolimos os cadernos de anotações”, salienta. Em caso de algum problema, como portões forçados a abrir, o responsável técnico afirma que a Polícia Militar é acionada e um funcionário vai ao local acompanhar a ocorrência.
Tecnologia
A tecnologia permite o monitoramento de imóveis inclusive fora do estado e Vaccari conta que tem clientes no Paraná e Ceará. O empresário explica que, nestes casos, uma empresa oferece suporte local para reparar equipamentos.
“Temos 40 minutos para chegar e resolver o problema.” Ao fechar contrato com a empresa, o condomínio recebe o orçamento de equipamentos de segurança que podem ser comprados ou alugados. O acesso à garagem, por exemplo, é feito por meio de leitura biométrica (digital), cartão magnético ou tag.
Além de as câmeras de monitoramento serem acompanhadas de uma central de controle, os moradores também têm acesso às imagens por meio de aplicativos no celular ou sites, mediante login e senha. O aposentado Luiz Felipe Poujeaux mora em um prédio que dispensou um porteiro e passou a ser controlado a distância. “Já estávamos acostumados a não ter porteiro durante a noite, mas agora, tudo é gravado e acompanho pelo celular.” Ele destaca que, se algum morador esquecer o portão aberto, uma sirene é tocada para avisar.
Responsável pelo prédio onde o aposentado mora há cerca de três anos, o síndico profissional Nilson Prado conta que a procura pelo serviço tem partido dos próprios moradores. “Ajuda a baratear o custo e deixa o local mais seguro.” Para a entrega de correspondências, Prado conta que as cartas são deixadas na caixa normal de correio, enquanto encomendas e entregas que necessitam de assinatura são recebidas por dois moradores que ficaram responsáveis pelo serviço. “Eles se propuseram a ajudar e escolhemos uma sala para deixar os pacotes até serem retirados”, conclui.
Fonte: http://g1.globo.com/